Valorizar o professor é responsabilidade de todos

O PENSE foi idealizado pelo A Hora e conta com a participação da Univates, Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), 3ª Coordenadoria Regional de Educação (3ª CRE), Sicoob, Instituto Dale Carnegie e Centro Regional de Oncologia (Cron).

O programa surgiu para valorizar a atuação dos professores e fazer com que a sociedade se envolva no processo de melhoria do ensino no Vale do Taquari. O regulamento da iniciativa premiará os melhores projetos desenvolvidos nas escolas da região e também cursos e viagens para os vencedores.

Na rede estadual, estima-se que são 5 mil professores e mais de 50 mil alunos. Neste primeiro ano, estão previstas caravanas. Nestes encontros, profissionais de diversas áreas farão atividades, palestras e debates com a comunidade escolar. O primeiro ciclo de mobilizações e premiações tem duração de um ano, mas a proposta é tornar o projeto permanente. A maior fatia do financiamento para as premiações será por meio do Fundo do Assinante Solidário, que no passado repassou R$ 150 mil para dez entidades assistenciais voltadas ao atendimento de crianças e adolescentes.

Centro Regional de Oncologia (CRON)

Ao lado do professor para garantir o futuro

Uma clínica de saúde. Talvez incomum em projetos voltados à educação. “Por que uma empresa de saúde, do último estágio de tratamento, ingressou no PENSE? Justamente para chamar atenção da sociedade sobre a importância do ensino”, conta o fundador do Centro Regional de Oncologia (CRON), Hugo Schünemann.

Ao lado do diretor, Renato Cramer, Schünemann relembra da importância dos professores na carreira dele. “Meu professor da 6ª série é meu amigo. Lembro-me do meu professor de física no 2º grau. Fizemos um projeto que hoje está no museu da PUC. Esses profissionais marcaram na minha vida, como na de todas as outras pessoas. Valorizá-los, é uma responsabilidade de todos.”

Por essa certeza, diz o médico, o CRON ingressou no PENSE. “É uma iniciativa comunitária. Surge da sociedade organizada, mostrando a todos que a educação é uma prioridade”, resume Schünemann.

Hugo Schünemann Médico fundador do Centro Regional de Oncologia (CRON)
Hugo Schünemann Médico fundador do Centro Regional de Oncologia (CRON)

Com 20 anos de atuação no Vale do Taquari, o CRON visa o futuro, diz Schünemann. “Não há como pensar em futuro sem educação”, resigna-se e complementa: “Quanto mais olho para o projeto, imagino que vá se expandir, vai se aperfeiçoar. Tenho certeza que essa iniciativa vai ser referência para todo o estado e para o país.”

Acreditar no avanço da consciência social e por consequente na melhoria da qualidade de vida resumem as metas do CRON à adesão ao PENSE. “Temos de agir agora. Se deixar para a semana que vem, vai estar uma semana atrasado”, diz Schünemann.

Interação na escola

Responsável pela organização e pelas apresentações durante as caravanas nas escolas, o diretor Cramer, detalha o sistema pensado às interações com alunos e professores. “Muitas das doenças graves podem ser evitadas pelos hábitos. Queremos contribuir e disseminar informações que podem ser úteis à vida.”

Como clínica de saúde, sustenta o médico, cumprir com a razão social prevista pela instituição é estar próximo às pessoas. “Trabalhar a saúde na infância, na adolescência é uma oportunidade para levarmos conceitos fundamentados pela ciência, como uma forma de prevenir uma série de doenças. Vamos estar na origem trabalhando a população do futuro.”

PENSE_13

Referência desde a infância

Os primeiros professores são os pais. Com o cotidiano de trabalho das famílias, as escolas assumem grande parte da responsabilidade em desenvolver as habilidades das crianças. A presença nas etapas de cada indivíduo marca a vida, acredita Schünemann.

No debate acerca do tema, Cramer destaca: “Toda a sociedade reconhece a educação como prioridade e a importância do professor no processo. Mas falta atitude. Falta priorizar de verdade.”

Tanto que, contextualiza o médico, há em diversos momentos históricos da nação dos quais os desvios de conduta, a “predileção à malandragem”, construíram o conceito de “jeitinho brasileiro.”

Para ele, a organização social em defesa da educação tem o papel de mobilizar forças institucionais. “Indicar o caminho. Esse é um dever de cada um. É preciso repensar qual sociedade queremos.”

Campanha: salário de juiz

No decorrer das décadas, houve uma sistemática para descaracterizar o professor, sustenta o fundador do CRON. “O professor era uma autoridade nas cidades. Respeitado, pois fazia parte do seleto grupo que pensava e compreendia a sociedade. Ajudava na formação ética e moral da comunidade.”

Com a massificação, políticas públicas de contratação e posterior distribuição pelas regiões, trouxeram como consequências, o achatamento de salários, a precarização das condições de trabalho e o quadro de indiferença em alguns segmentos da sociedade.

O fundador do CRON, relembra a palestra do irmão e ator, Werner Schünemann. “No lançamento do PENSE, durante o debate na Univates, foi dito que temos de começar um projeto para equiparar o salário do professor ao de um juiz. Pagar bem é reconhecer o esforço e a dedicação daqueles que fazem a diferença”, acredita o médico.

“Como a China fez nas décadas de 80 e 90. Tive colegas chineses durante a residência médica. Com uma dificuldade imensa na comunicação, ficavam atentos a tudo. A obrigação deles era aprender e levar o conhecimento para lá.”

Esse exemplo mostra a importância de políticas públicas voltadas à formação, com bolsas de estudo no exterior. “Temos de investir nos melhores. Nos mais dedicados, comprometidos com o aprendizado e com condições de repassar o conhecimento. “É usar dinheiro público naquilo que vale a pena. Isso é planejamento de país.”


3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE)

“As escolas não podem mais ficar isoladas”

Representando as 89 escolas estaduais do Vale, Greicy Weschenfelder, a palavra-chave para transformar o trabalho dos professores é motivação.

Por que a 3ª CRE decidiu participar do PENSE?

Greicy – Como representante da rede estadual, entendemos que as escolas não podem mais ficar isoladas. Precisamos unir as mãos com a rede municipal e privada e, principalmente, com parcerias como esta. Diferente de muitos que nos procuraram para fazer parcerias e que só ficaram no discurso, vimos no PENSE ações concretas, que inclusive já estão acontecendo. É uma iniciativa que valoriza os professores ao mesmo tempo em que os provoca a produzir e colocar as boas práticas no papel.

Professores enfrentam dificuldades. Como o projeto PENSE foi recebido pelo 3º CRE?

Greicy – Em relação ao parcelamento de salários, é uma situação, realmente, sensível. Assim como a questão do reajuste salarial do magistério. Mas procuramos separar as coisas. São problemas, claro, mas não podem influenciar no nosso propósito que é dar aula. Nosso aluno tem que ter a melhor aula, independente da situação do país ou do Estado. Porém, quando um jornal tem um projeto que busca a valorização do professor, ele está valorizando este nosso propósito, que vai muito além do salário. Precisamos mais do que o conteúdo letivo para formar melhores cidadãos. O aluno precisa de uma formação integral. Os tempos mudaram. Neste sentido, os professores viram no Pense um parceiro para disseminar e valorizar o conhecimento.

Greicy Weschenfelder Professora, escritora, e coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE)
Greicy Weschenfelder, professora, escritora, e coordenadora da 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE)

Qual contribuição para o PENSE?

Greicy – Muito além do parcelamento de salários, enfrentamos uma crise muito mais grave – os valores da nossa sociedade. Isso afeta diretamente na motivação de qualquer profissional, ainda mais o professor que por sua natureza já é sensível. Vislumbramos um quadro de total desmotivação. Com esta corrupção política, que sociedade é esta que temos aí? O que está acontecendo? Ficamos enlameados em meio a este problema pensando sobre nosso papel. Esta desmotivação prejudica tudo e em todos. Nossa contribuição no PENSE é abrir as portas e os corações das 89 escolas da rede estadual da região para o Jornal A Hora e mostrar nossas fragilidades e nossos méritos. Nossa participação e contribuição está na motivação que os professores precisam para qualificar ainda mais o seu propósito em sala de aula. Estamos conversando com as direções o tempo todo, para que participem e contribuam com o projeto – principalmente com ideias.

O PENSE visa contribuir na educação. Você acredita que esta mudança possa chegar em outras regiões?

Greicy – Muitos me taxam de romântica, ufanista e idealista. Podem me chamar do que quiser, mas, sim, acredito no poder da transformação em pequenas comunidades. Acredito muito no potencial do Vale do Taquari. Como aqui temos pessoas muito inteligentes, e, com isto, a cobrança é ainda maior. Somos pessoas fortes e trabalhadoras. A gente tem que acreditar na nossa gente e descobrir novas lideranças. O que o A Hora está fazendo é o que procuro fazer com minha equipe – provocar e motivar para que os resultados aconteçam.


Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat)

“O professor motivado transforma o ensino”

O prefeito de Lajeado e presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Marcelo Caumo, acredita que o PENSE tenha potencial para se tornar um programa permanente na região.

Como a temática educação é tratada pelos prefeitos da Amvat?

Caumo – Diversos assuntos circulam pelos encontros e audiências dos gestores. Como o mandato é de um ano, escolhemos uma área e fixamos a estratégia. Neste ano, escolhemos a segurança. Em meio aos debates, por diversas vezes, chegamos a conclusão de que todas as soluções para os problemas enfrentados pela sociedade hoje tem como caminho mais lógico uma educação de qualidade. Em termos de região, é preciso diferenciar as redes de ensino. No campo municipal, temos resultados muito satisfatórios. Em todas as cidades há exemplos muitos positivos dentro da realidade de cada cidade. De maneira geral, se pegarmos os indicadores de ensino, o Vale do Taquari talvez esteja entre os melhores do RS e até do país.

De que forma o PENSE pode contribuir para o ensino na região?

Caumo – O programa é muito importante. Como disse antes, o Vale tem uma realidade diferenciada. Isso não quer dizer que não temos que avançar. O PENSE também pode ser uma ferramenta para cotejar o que temos de bom e também no que precisamos melhorar. Como o objetivo da iniciativa é agregar olhares sobre o sistema de ensino e colocar o professor no topo de prioridades, cria-se um movimento comunitário para reconhecer e admirar a atuação dos docentes.

Todos nós, a sociedade como um todo, tem uma relação de profundo respeito aos professores. Além disso, com o PENSE, estamos demonstrando isso na prática. Vamos fazer o educadores sentirem essa importância. Por isso, o PENSE é inovador e trará benefícios para a nossa região.

Marcelo Caumo, Presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari e prefeito de Lajeado
Marcelo Caumo, presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari e prefeito de Lajeado

Na sua avaliação, como seria uma escola ideal?

Caumo – Com uma comunidade escolar participativa e com o entusiasmo do professor. Com esses dois ingredientes, os pais presentes na escola e o educador com vontade de ensinar, o modelo pedagógico é secundário. Os elementos principais, em qualquer ambiente ou profissão, são as pessoas. As transformações acontecem por meio das relações humanas. Depois disso, pode-se pensar em escolas com turno integral, com atividades extra-classe.

Como fazer para entusiasmar o professor?

Caumo – O PENSE é um exemplo. Por isso a Amvat entrou no projeto. Quando foi apresentada a proposta, pensamos: ótimo, vamos ingressar. Pois é um olhar da sociedade para o professor. O setor público tem por obrigação formar, fazer com cursos e treinamentos com os docentes. Essa é uma maneira de valorizar.

Além disso, ter o setor privado interessado, preocupado com a temática e mostrando ao professor que tem um parceiro para ajudar, garante um respaldo ao profissional. Claro que a questão financeira é importante, ter um salário condizente com a responsabilidade. Mas o convívio, a participação e o envolvimento da comunidade em mostrar que o professor é o principal agente de transformação da sociedade, tem um poder incrível. Isso entusiasma.


A Hora

“Sem professores não há outras profissões”

O diretor do A Hora, Adair Weiss, defende o engajamento social para transformar a educação. Na opinião dele, a participação é fundamental para valorizar os professores e fortalecer iniciativas diferenciadas nas escolas.

Como foi a idealização do projeto PENSE?

Weiss – É fruto de uma consciência coletiva. Dentro do A Hora, existe a consciência de que é preciso olhar para a sociedade como um todo. Não basta vender jornal e ganhar dinheiro. Se o entorno não for sustentável, o nosso negócio também padecerá.

As organizações que se pretendem responsáveis e sustentáveis no futuro, precisam olhar para a educação com seriedade. Não basta esperar e apenas cobrar do Estado. Educação, em especial, deve ser algo inerente a qualquer cidadão, e as empresas não podem fugir de sua parcela de contribuição. Não adianta ficar reclamando. Se cada um fizer uma pequena parte, seja da forma mais simples possível, vamos evoluir.

Quais os maiores desafios para resgatar a valorização do professor?

Weiss – Tenho repetido e insistido na reflexão de que, se existem médicos, empresários, gestores públicos ou qualquer outra profissão, é por que algum dia todos tiveram professores. O Brasil renega esta importância. Todos dizem e acham a educação importante, mas pouco fazemos por ela. Em alguns casos, terceirizamos a educação dos nossos filhos e ainda condenamos o professor quando eles vão mal em aula. Ora, nada pode ser mais limitante do que achar que basta largar o filho na escola para o professor se virar.

Adair Weiss, diretor geral do A Hora
Adair Weiss, diretor geral do A Hora

Ao fim do PENSE, quais resultados são esperados?

Weiss – Sabemos que não conseguiremos mudar o mundo. Mas o PENSE tem a pretensão de despertar a nossa região, as pessoas que aqui convivem. Se envolver é ter empatia, colocar-me no lugar do professor. Apoiá-lo e fazer os governos, sejam municipais, estadual ou federal, olharem para ele com mais responsabilidade. O envolvimento da 3ª CRE e da AMVAT já é um grande passo. É a primeira vez que reunimos duas esferas públicas com a iniciativa privada para pensar a educação regional. Devemos avançar e torná-lo um projeto de região e reconhecido pela comunidade. Por consequência, os professores serão mais notados e valorizados. Este é o objetivo.

O que seria do mundo sem os mestres?

Weiss – Tenho feito esta pergunta muitas vezes para mim. O que seria de mim, como indivíduo, se não tivesse tido os meus professores. Se cada um fizer esta reflexão, chegará a uma conclusão muito lógica e compreenderá o valor real de um professor.

Reclamamos da falta de valores na sociedade. No entanto, não somos capazes de perceber que isso surge da falta de educação e de cultura. Não quero imaginar como seria o mundo sem professores, mas com certeza seria desastroso, egoísta, desumano, provavelmente.

Temos de compreender que o mundo evolui com o respeito ao próximo, com o compartilhar das ideias e conhecimentos, com o convívio harmônico entre os diferentes e, acima de tudo, com a orientação de quem se dispõe a nos ensinar algo para a vida. Nossos pais não são professores, eles são pais. Tem outras tarefas e atribuições. Precisamos de pessoas especializadas, com didática e preparo para o ensino aprendizagem.


Sicoob

“Precisamos mudar a cultura neste país”

Solange Pinzon de Carvalho Martins enfatiza a importância do espírito cooperativa para alcançar melhores resultados na educação.

O cooperativismo pode mudar a realidade da educação?

Solange – Precisamos mudar a cultura neste país. É devido a este espírito individualista, causado principalmente pelo consumismo desenfreado, que estamos vivendo esta cultural de atraso. Por meio da vivência e do conhecimento sobre a cooperação, podemos alcançar melhores resultados na educação.

Como crianças e adolescentes podem fugir desta cultura individualista que atinge o ambiente escolar?

Solange – Já existe um movimento contrário em relação a isso. Eles estão em busca de empresas conscientes. Os jovens que querem se inserir no mercado de trabalho não estão procurando apenas por um emprego, querem um propósito que tenha um viés de sustentabilidade. E esse é um dos nossos intuitos no projeto PENSE, enfatizar a importância do capitalismo consciente – diferente do capitalismo que apenas visa o lucro e beneficia quem tem mais. Precisamos trabalhar, todos nós, de maneira mais participativa para romper com essa problemática do individualismo.

Solange Pinzon de Carvalho Martins, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Meridional
Solange Pinzon de Carvalho Martins, presidente do Conselho de Administração do Sicoob Meridional

O PENSE, por meio de seus parceiros, cada um com suas devidas especialidades, estabelece um trabalho integrado para mudar a realidade da Educação no Vale. Parcerias entre diferentes órgãos, mas com o mesmo propósito, podem funcionar?

Solange – Acredito que sim. Para que o projeto seja sustentável, temos que coordenar essas forças para que tenham efetividade. Uma ação pontual não vai resolver o problema. Professores e alunos podem até se motivar, mas precisamos ir além. Criar mecanismos que perdurem. Aí sim será possível que essas vivências de cooperativas escolares entre professores e alunos possam, de fato, amadurecer. O projeto PENSE começou esse movimento.

O que o Sicoob vislumbrou nesta oportunidade com o PENSE?

Solange – Quando recebi o projeto em mãos, fiquei encantada por saber que tem mais gente pensando que a verdadeira mudança na cultura deste país vai se dar por meio da educação. É por meio da cooperação que vamos mudar esta realidade. Embarcamos de imediato no movimento. Acreditamos que o projeto vai ser sustável ao longo do tempo e para que isso ocorra estaremos sempre juntos – este é o nosso ideal.

Dentro do PENSE, como o espírito do cooperativismo será exaltado para alunos e professores?

Solange – Nas caravanas, vamos trabalhar com jogos e interações que reforcem o espírito cooperativista. Mostrar que cada um tem sua devida importância, mas que juntos podem alcançar um resultado ainda melhor. Por ser independente, o PENSE ainda não é completo. Ele proporciona e provoca a importância de valorizar o professor e reforçar essa ideia dentro das escolas. Mas como é contínuo, no decorrer de sua trajetória, a tendência é de que amplie as parcerias e por meio da cooperação alcance melhores resultados.


Univates

“O magistério se torna cada vez menos atrativo”

Carlos Cyrne acredita que, por meio da valorização do professor, mais alunos se sentirão incentivados no ingresso pedagógico, bem como mais profissionais com passagens acadêmicas passarão pelas universidades do país.

Como a desvalorização do profissional professor impacta no Ensino Superior?

Cyrne – A demanda pelos cursos de professores reduz a cada ano. Trata-se de um panorama como um todo no Brasil. A carreira no magistério se torna cada vez menos atrativa. É um quadro de dificuldades históricas que se agrava desde os anos 1980. Naquele período, professores já solicitavam melhores condições de trabalho. Como consequência disso, gerou-se uma desilusão com a carreira de ser professor. Os jovens acabam sendo influenciados por essa dinâmica. Além disso, com o avanço da sociedade, novos profissões surgem – com isso, os jovens procuram se adaptar a novos modelos de “status”.

Como a parceria da Univates pode contribuir para que mais pessoas consigam a formação escolar?

Cyrne – Nossa história está ligada à formação de professores. Temos o curso de Letras com 50 anos. São cinco décadas formando professores. O mérito deste projeto PENSE não está só em auxiliar o professor, mas em valorizá-lo e reconhecer sua importância profissional – e, nesse sentido, a sociedade tem relegado o devido mérito de seus mestres. Estaremos juntos em todas as caravanas em escolas, indo ao encontro dos alunos. Além de premiações, como cursos de educação continuada aos professores, vamos oferecer às escolas assessorias pedagógicas, dialogando com as escolas novos projetos e propostas para qualificar o grupo de professores.

Carlos Cândido da Silva Cyrne, vice-reitor da Univates, presidente da Fuvates e pró-reitor de Ensino
Carlos Cândido da Silva Cyrne, vice-reitor da Univates, presidente da Fuvates e pró-reitor de Ensino

Por meio da valorização do professor, o PENSE nasceu da ideia de mudar o futuro da sociedade no Vale do Taquari. Acredita que o projeto possa avançar para outras aldeias?

Cyrne – Por mais que a ideia seja focada numa região específica, quando ela trouxer resultados positivos, terá o potencial de ir além. Se conseguirmos mobilizar a sociedade em nosso entorno sobre a importância de exaltarmos a revalorização do papel do professor, com certeza, amanhã ou depois o PENSE poderá servir de modelo para outras iniciativas Brasil afora.

Para a Univates, que tem no cotidiano a realidade da formação de Ensino Superior, como está sendo participar das caravanas com alunos e professores dos ensinos Fundamental e Médio?

Cyrne – Estamos tendo a oportunidade de caminhar por algumas escolas e verificar de perto suas realidades – e com isso, conversar com professores e diretores para termos o real discernimento de suas carências. Olhando para o trabalho feito com os alunos, vemos a pouca consciência que eles têm sobre a importância do professor em suas vidas. Mas isso faz parte de nossa parceria: mostrar a eles esse valor.


Dale Carnegie

“Ajudar o professor a entregar o seu melhor”

Henrique Kuhn ressalta o propósito do PENSE de valorizar os educadores. Por meio dos princípios de relacionamento, liderança e controle emocional criados pelo pesquisador norte-americano, Dale Carnegie, em 1912, acredita ser possível inspirar os professores para serem, cada vez mais, agentes de transformação social.

Por que o Instituto Dale Carnegie se tornou apoiador do PENSE?

Kuhn – Nossa missão é despertar o melhor das pessoas. Entendemos que o projeto faz isso. Ele foi concebido para melhorar a educação e a nossa sociedade. Para nós do Instituto Dale Carnegie, o PENSE já nasceu grande, pois tem no DNA um propósito nobre. Um propósito de despertar o melhor das pessoas, em específico do professor e por consequência do aluno. A iniciativa também instiga a comunidade. Faz com que as pessoas olhem com mais atenção à educação.

Qual a contribuição do instituto para PENSE? Como trabalhar os conceitos do escritor com os professores?

Kuhn – Por meio das caravanas, vamos levar à comunidade escolar informações sobre os princípios de relação humana, de liderança e de controle emocional para os professores. Acreditamos que por meio disso podemos inspirar os educadores. Da melhor maneira possível, esperamos que cada um deles, dentro da sua forma de pensamento e de ação, possa resultar em ainda mais conhecimento, prosperidade e evolução para os alunos. Por meio de conceitos de Dale Carnegie, pensamos ser possível contribuir para o aprendizado, fazendo que esse processo seja mais ágil, mais eficiente e marcante.

Henrique Kuhn, coordenador do Instituto Dale Carnegie no Vale do Taquari
Henrique Kuhn, coordenador do Instituto Dale Carnegie no Vale do Taquari

Como a comunicação eficaz, as ferramentas de liderança e da motivação podem contribuir com os professores?

Kuhn – Entendemos que a liderança, a comunicação eficaz e o controle emocional possam fazer com que o professor se torne cada vez mais uma referência. Dessa forma, fazer com que os estudantes confiem mais no professor. Também para que aprendam mais. É mais fácil manter a atenção das pessoas quando estamos motivados. Outro ponto importante é o controle emocional, pois muitos professores estão com autoconficança baixa, com a autoestima baixa. Elevar o controle emocional é ajudar a criar mais resiliência, mais capacidade de se reinventar. Com isso, o professor estará mais criativo para ajudar no processo de desenvolvimento dos alunos.

A missão do professor é propagar o conhecimento. Existe uma receita para desenvolver e fortalecer esse tipo de aptidão?

Kuhn – Quando o profissional está autoconfiante, com o nível de estresse controlado e com uma boa comunicação, ele é uma referência. Para o professor, trabalhar essas técnicas é um mecanismo para fazer com que o aluno, ou qualquer outra pessoa, o veja como uma autoridade. Isso gera confiança e, quando há confiança, o outro ouve, fica mais atento e sem resistir à mudança ou novos conceitos.

Para nós, proporcionar esse tipo de evolução para o professor é algo nobre, pois aumenta significativamente a capacidade para ele entregar o melhor durante as aulas. Essa é nossa missão no PENSE. Ajudar o professor a entregar o seu melhor.

Filipe Faleiro: [email protected] | Cristiano Duarte: [email protected]

 

 

 

 

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1 comentário para "Valorizar o professor é responsabilidade de todos"

  1. Projeto bem pensado , espero que tenha continuidade e que possam abranger toda comunidade não só escolar . A maioria dos projetos iniciam e acabam no meio do caminho . A proposta desse e dar continuidade e muito envolvimento , vamos colaborar e torcer que de certo ,!

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