Jornal A Hora

O Teatro da Univates recebeu dezenas de professores, diretores, autoridades locais e líderes políticos na manhã de ontem, durante o evento de lançamento do programa PENSE (Programa Ensino e Educação) Solidário, idealizado pela área de responsabilidade social do A Hora.

Dez professores e cinco escolas da rede de ensino do Vale do Taquari serão premiadas com cursos, financiamento de projetos, verbas para aquisição de equipamentos e intercâmbios.

Além dessas premiações, o projeto busca estimular a melhoria da qualidade de vida de alunos e professores. Para isso, serão proporcionadas ao longo do ano diversas palestras, debates e seminários na área de saúde e bem-estar, relações humanas, estímulo à profissionalização acadêmica, formação de liderança, cooperação, educação financeira, tecnologia e outros.

O principal objetivo da proposta, explica o diretor-geral do A Hora, Adair Weiss, é construir uma rede de apoio aos professores, proporcionando conhecimento, autoestima e aperfeiçoamento profissional. “Queremos valorizar aqueles que dedicam a vida a ensinar os outros. Não existe nada mais nobre do que entregar-se a esse ofício, da educação, que é a base para a transformação dos indivíduos e da nossa sociedade.”

De acordo com ele, a formatação da ideia iniciou faz mais de um ano, com debates e reuniões entre representantes do jornal e entidades e empresas parceiras do projeto. “Sem os apoiadores, não seria viável esse movimento tão ousado e importante”, ressalta Weiss. Participam do PENSE a Univates, 3ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Amvat, Centro Regional de Oncologia (Cron), Instituto Dale Carnegie e Cooperativa Sicoob.

Detalhes das ações

A ação deve atingir cerca de 4,7 mil professores e mais de 50 mil alunos. O primeiro ciclo de mobilizações e premiações vai durar um ano. “Mas a proposta é tornar o projeto permanente”, antecipa o diretor. A maior fatia do financiamento será por meio do Fundo do Assinante Solidário, que no passado repassou R$ 150 mil para dez entidades que cuidam de crianças.

Entre as ações programadas para o primeiro ano, estão 18 caravanas às escolas. Nessas, explica Weiss, profissionais de diversas áreas vão ministrar debates, palestras e atividades de valorização dos professores e do conhecimento. Também haverá dois seminários voltados aos professores, com datas a serem definidas. Um desses deve ocorrer em 15 de outubro, Dia do Professor.

De acordo com Weiss, dez professores, cinco alunos e cinco escolas serão beneficiados com uma série de prêmios, que serão divulgados e entregues em dezembro. Para tal, precisam desenvolver projetos inovadores na área do ensino. Já para os estudantes, as premiações serão definidas por meio de um concurso de redação que fale sobre ações em defesa dos educadores.

Intercâmbios

Serão premiados dez professores neste ano. Sete de escolas públicas, e três de particulares. Desses, quatro receberão bolsas para cursos na Univates de Educação Continuada e de Extensão, e voucher para eventos culturais. Três serão contemplados com visitas a universidades e projetos de instituições internacionais. E os outros três orientadores serão beneficiados com visitas a universidades e projetos educacionais no Brasil.

Além disso, os vencedores participarão de cursos do Instituto Dale Carnegie Training, Relações Humanas e Liderança, no valor de R$ 5,3 mil cada. Já as cinco escolas premiadas – quatro públicas e uma privada – recebem R$ 5 mil para financiamento de projetos pedagógicos desenvolvidos com a participação de professores e alunos. Essas instituições de ensino também ganham 20 horas de assessoria pedagógica da Univates.

Por fim, serão premiados cinco alunos, quatro de escolas públicas e um da rede privada, com viagens de estudos e cadernetas de poupança de até R$ 1 mil, e um curso do Instituto Dale Carnegie Training – Geração Futura –, no valor de R$ 4,8 mil. Weiss explica que os prêmios não são cumulativos e, para participar, é preciso retirar formulário na 3ª CRE, ou nas secretarias municipais de Educação, entre 27 de abril e 28 de maio.

“O projeto é emocionante”

A coordenadora da CRE, Greicy Weschenfelder, diz que foi uma honra a “provocação” feita pelo jornal A Hora por meio desse novo projeto. “Ver a iniciativa privada, e tantas outras instituiçõess reunidas para tratar de educação é algo inédito. O projeto é emocionante. E não teria como não apoiar e dar o nosso máximo. É momento de deixar partidos políticos de lado e pensar juntos.”

Sócio do Cron, o médico oncologista, Hugo Schunemann, falou em nome dos demais parceiros da iniciativa privada sobre a proposta de valorização dos professores e alunos. “É um privilégio. Participar do PENSE nos estimula porque voltamos ao foco de uma área tão esquecida: a nossa educação. Acreditar nisso é acreditar no futuro.”

Correalizadora, a Universidade do Vale do Taquari esteve representada pelo vice-reitor da Univates e presidente da Fuvates, Carlos Cyrne. “O gesto de carinho que os professores demonstram faz com que alunos sejam pessoas melhores. A Univates não cogitou ficar de fora desse programa. Mais do que as premiações, o grande mérito do projeto é trazer o reconhecimento e o retorno do respeito da autoridade e da função do professor.”

O prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, presidente da Amvat, fala da satisfação dos prefeitos do Vale do Taquari em participar do programa. “Compartilhar nossos desafios nessa que é a área mais importante na política pública, tanto que a maior parte dos nossos recursos são investidos na educação. Compartilhar alternativas, problemas e soluções é de uma importância ímpar, que fará a diferença na região. O projeto deve ser referência estadual e nacional.”

“O desafio é saber como ensinar”

Formado em História pela Ufrgs, o ator e professor Werner Schunemann, foi o palestrante do evento. Fala sobre as dificuldades de atualização por parte dos educadores. “Nem a Microsoft poderia imaginar que estaríamos tão voltados aos celulares. Hoje, definições de processos eleitorais, relações humanas ocorrem por meio do aparelho. E os professores, sem preparo técnico, precisam perceber sozinhos essas e outras mudanças no cotidianos social e escolar.”

Apesar do avanço da tecnologia, Schunemann é categórico ao defender a manutenção do educador no processo de ensino. “A única coisa que não vai ficar sem função é o professor. Não dá para separá-los da ‘educação’. No entanto, acho que o educador pode se libertar um pouco da “ditadura do conteúdo”. Mudar a forma de educar. Acho que uma orientação, com literatura e uma boa biblioteca, pode ser mais benéfica. O que ensinar a gente sabe. Mas o desafio atual é como ensinar”, diz o ator, que também defende a liberdade de pensamento dos educadores na sala de aula.

“Priorizar o professor é algo inédito”

Na área faz 11 anos, hoje como professora e coordenadora pedagógica nas redes estadual e municipal de Roca Sales, a pedagoga Tatiane Reginatto Vier ressalta a importância do projeto PENSE para a autoestima dos educadores diante de um cenário desanimador. Neste período de experiência, ela observou que muitos alunos de licenciatura abandonaram a docência.

“Tive muitos colegas que saíram da área por não acreditarem mais tanto. E as pessoas que estão se aposentando não sabem como vai ser, é uma profissão que vem cansando. São poucos aqueles com os olhos encantados”.

Na linha do que o palestrante Schunemann defendeu – de que é impossível pensar na educação sem pensar nos educadores – Tatiane destaca que o professor, além de manter a sala de aula, por vezes, abraça funções como a de transmitir valores essencialmente familiares. “O mais interessante é voltar os olhos para quem está sustentando a sala de aula. A questão de priorizar o professor é algo inédito.”

Na opinião da supervisora da Escola Estadual Gomes Freire de Andrade, em Teutônia, Aline Stacke Eckardt, o docente estabelece um elo entre aquilo que a criança recebe em sua formação familiar para o mercado de trabalho e para a vida de forma geral.

Há mais de 20 anos na sala de aula, ela confirma uma realidade ainda mais latente nas pequenas comunidades: a de que o docente é mestre dentro e fora da escola. Para ela, o PENSE representa a preocupação da região com uma área essencial. “Esse projeto – daqui a pouco despontando para o RS ou país – me deixa orgulhosa. No Vale, realmente a comunidade está preocupada com o professor.”

Ao fim do evento, a coordenadora pedagógica, Vânia Maria Cima, 54, da Escola Estadual Doutor Ricardo, no município homônimo, se sentiu representada pelo discurso de Schunemann, que relembrou sobre a formação de docentes mais experientes. Ela destaca que a educação segue o ritmo de transformações da sociedade, o que impõe grandes desafios aos educadores.

Iniciativas comunitárias, diz, são uma alternativa eficaz. “Gosto muito da área de projetos, pois quando os projetos são bem pensados, bem elaborados e bem aplicados, dão resultado para o aluno, para a família e para a comunidade.”

Objetivo

• Criar uma rede de apoio aos professores
• Financiar projetos, programas de qualificação e premiação para professores, alunos e escolas
• Manter o ensino e educação em evidência, por meio de seminários, palestras e publicações

Prêmios

• Financiamento de projetos
• Viagens nacionais e internacionais
• Distinções para destaques no setor
• Cursos na universidade e institutos
• Concurso para alunos

Outras ações previstas

• Criação e publicação mensal do Jornal da Educação, com 15 mil exemplares e reportagens, entrevistas e artigos na área de ensino, saúde, financeira, psicologia, entre outros
• Site da Educação, uma página ou hotsite que ficará hospedado no portal do A Hora, com uma integração orgânica permanente para promover a interação ao programa

Rodrigo Martini: [email protected] | Gesiele Lordes: [email protected]