Como seria o mundo sem professor?

Pelo professor, se tem um instrumento para levar o indivíduo à luz. Tirá-lo da caverna, como pensou Platão. A experiência humana tem no tutor o seu multiplicador. Não precisa viver a experiência. Basta conhecê-la por meio da leitura, da análise e da discussão. Essa relação de saberes cria significados e conhecimento.

Os mestres estão presentes em todas as profissões. Por isso, a sociedade é unâmine em reconhecer a importância dos educadores. A valorização dos professores começa por cada um, no apreço pelo ensino, no constante envolvimento com o aprendizado e no clamor popular por mais qualidade na educação.

Seria sem: Juiz, Advogado, Psicólogo, Economista, Contador, Jornalista, Dentista, Médico, Arquiteto, Engenheiro, Motorista, Empresário, Policial, Político, Nutricionista, Fisioterapeuta, Fonoaudiólogo, Escritor, Mecânico, Farmacêutico, Bancário, Químico, Físico, Biólogo, Geólogo, Publicitário, Bombeiro, Enfermeiro, Veterinário, Cientista, Historiador, Padre, Eletricista, Atleta, Pedreiro, Designer, Agrônomo, Biomédico, Antropólogo, Meteorologista, PROFESSOR!

Procuram-se professores

Se a população reconhece a importância do mestre, por que há redução no interesse dos jovens em seguir a carreira de docente? Nas quatro escolas estaduais da região com o curso de magistério (Castelo Branco, Estrela da Manhã, Monsenhor Scalabrini e Pereira Coruja), se formaram 114 professores em 2008. De lá para cá, houve queda em todos os anos (como mostra o gráfico ao lado).

Conforme o Ministério da Educação, apenas 2% dos diplomados no Ensino Médio escolhem ser professor. Em uma perspectiva do quadro geral da educação no RS, tem-se uma hipótese para essa tendência. De modo geral, atribui-se à falta de estrutura nas escolas, aos baixos salários e à carga horária elevada. Como resultado desse ambiente, professores adoecem devido ao estresse.

De 2007 até 2011, estatísticas da Educação Básica revelam que o percentual de educadores com menos de 24 anos caiu de 6% para 5,1% no país. Por outro lado, a proporção de mestres com mais de 50 anos subiu de 11,8% para 13,8%. No estado, o quadro é o mesmo. Os professores mais jovens reduziram de 5% para 4,7% e os mais velhos avançaram de 16,3% para 18,1%.

PARADOXO: Uma das profissões mais nobres tem cada vez menos interessados
PARADOXO: Uma das profissões mais nobres tem cada vez menos interessados

Formada em Magistério, a coordenadora regional de Educação, Greicy Weschenfelder, ressalta a importância dessa formação. “É um curso mágico, que nos permite investir nessa profissão. Mas é fato que o número dos que ingressam nessa formação é baixo e vem diminuindo”, reconhece.

A coordenadora prefere não se precipitar e atribuir esse fenômeno a apenas um motivo. Para ela, há um somatório de fatos que resultam nesse quadro atual. “Vejo um cenário que vem de muito tempo. Vai desde a questão salarial, passando pela desvalorização como um todo.”

Dentro desse contexto, diz Greicy, há ainda a falta de motivação, o desinteresse do jovem frente às responsabilidades que a profissão traz. “No próprio curso de Magistério, há inúmeros projetos e planejamentos que têm de serem feitos e exigem um grau alto de comprometimento. Assusta o fato do aluno que vamos encontrar dentro da sala de aula, muitas vezes, não ter estrutura psicológica ou familiar. Ademais, hoje em sala de aula, ser um advogado de valores, de boas posturas, da cidadania, neste mundo conturbado, torna-se uma tarefa para corajosos e extremamente vocacionados.”

Inspiração dentro da sala de aula

A atuação do professor João Frederico Backes (falecido no dia 26 de fevereiro de 2013, aos 73 anos), em diversos educandários da região, em específico no Colégio Estadual Presidente Castelo Branco, no Madre Bárbara e no Alberto Torres, os três de Lajeado, marcou a vida de muitos alunos.

Entre eles, está o estudante de História da Ufrgs, Gabriel Vicente da Cunha, 31. Natural de Lajeado, o acadêmico escolheu ser professor por causa do “Fredão”, apelido dado pelos alunos ao mestre.

Cunha relembra como eram as aulas. Era rígido e criativo. A oratória facilitava o aprendizado. Ele conhecia muito do que ensinava. “A simpatia foi desde quando o conheci. O tempo passou, ele morreu, e passei a reparar em outras coisas. Ele sempre acreditou na educação como meio de transformação. Deu aula em escolas privadas, mas escolheu ficar em uma pública para atender os mais carentes, pois percebia a necessidade de ensinar para esse segmento.”

Backes, ou Fredão, chegava na sala com um Atlas embaixo do braço e o caderno de presença no outro. “Nunca tive uma aula como a dele. Tinha domínio da classe, experiência que não tive nem na Ufrgs.” A atuação transformadora do professor inspirou toda a família de Cunha.

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Por tão marcante nas aulas no Castelinho, o estudante da Ufrgs almeja terminar a licenciatura e seguir os passos do velho mestre. “O mundo dá voltas. Eu matava aulas e agora estou concluindo o curso e quero dar aulas na escola onde me formei.”

Para Cunha, o tratamento dado à educação precisa ser revisto. Se trata de um campo estratégico. A falta de perspectiva para os formados, seja pela parte financeira ou mesmo de prestígio faz com que muitos desistam da docência. Comentários depreciativos, como: se não der certo em outra coisa, vira professor, dão uma conotação de fracasso para os educadores.

Politizar a profissão é outro problema, avalia Cunha. A polarização traz suspeita para os professores. “Surgiu uma espécie de patrulha contra uma eventual doutrinação. O projeto Escola sem Partido é reflexo deste momento. Serviu de embalo para políticos cuja boa-fé deixa a desejar.”

Hora da prova

Backes tinha a crença na educação para transformar, relembra Cunha. Sabia do poder de uma “superaula.” Antes de aplicar os testes, vinha a sentença: “Aos que estudaram, boa prova. Aos que não estudaram, boa sorte.”

Meses antes de se aposentar, o professor Backes concedeu uma entrevista ao Jornal A Hora. A reportagem foi publicada no dia 16 de outubro de 2012, em meio a uma greve parcial dos professores.

Na ocasião, o mestre, então com 52 anos de carreira como docente, contou como era ser professor nos anos 60. “Uma honra. Éramos valorizados. O salário era bom e a sociedade reconhecia a importância da função.”

No passar das décadas, acompanhou a mudança no comportamento dos alunos e da população. As famílias repassaram a obrigação de educar aos professores, disse na ocasião. Como resultado, “perderam limites e a disciplina”, realçou.

Na entrevista, Backes lembrou que o compromisso do professor era com a construção do conhecimento. A postura do Estado também foi criticada. Para ele, a cobrança imposta aos professores para que aprovem os alunos vai no sentido oposto da aprendizagem. “Temos muitos conteúdos, muitas disciplinas intercaladas e os alunos não conseguem acompanhar, então, perdem a vontade e muitos desistem.”

No fim da conversa, deixou claro o sentimento dele em ser professor. “Pelos alunos, eu continuaria dentro da sala de aula.” Foi devido a essa postura que muitos ex-alunos relembram das lições do antigo mestre, afirma Cunha.


 

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Entrevista

“O professor e a escola não podem substituir a família”

Cidadão Lajeadense, em 2015, o juiz Luís Antônio de Abreu Johnson é integrante da Coordenadoria da Infância e Juventude do Tribunal de Justiça do RS e do grupo de trabalho do Núcleo Permanente de Métodos Consensuais de Solução de Conflito do Tribunal de Justiça.

Como você pensa que seria o mundo sem o professor?

Johnson – Não imagino. Ao longo da história da humanidade, sempre tivemos a figura desse profissional. Os ensinamentos são transmitidos de gerações para gerações, de culturas para culturas. O Direito que aplicamos hoje, por exemplo, tem quase as mesmas regras jurídicas aplicadas no período romano, mas, claro, aperfeiçoadas em razão da evolução da sociedade. Os conhecimentos, as ciências, as filosofias e tudo mais são transmitidos por meio de seus mestres.

Nesse sentido, qual tem sido a maior falha da atual política de educação?

Johnson – O professor e a escola não podem substituir a família. Hoje, temos o desvirtuamento dessa atividade. Cabe ao professor transmitir conhecimentos e à família educar. Os pais costumam jogar para a escola a responsabilidade de educar os filhos. As escolas estão se tornando uma extensão da família. Isso gera uma confusão das missões, papéis e propósitos da educação.

Isso é resultado da falta de políticas públicas em educação?

Johnson – Um país sem um modelo educacional é um país que mantém a pecha de “subdesenvolvido”. O Japão, por exemplo, foi dizimado na Segunda Guerra Mundial, mas em 50 anos tornou-se a maior potência tecnológica. E isso porque investiu e priorizou a educação de seu povo. A educação é uma alavanca para o desenvolvimento de um país.

No Brasil, são diversos os fatores, desde o crescimento da sociedade, as desigualdades sociais, a falta de oportunidades e inclusão social. Mas, acima de tudo, a questão que mais tem prejudicado a educação é a questão da desestrutura familiar. Isso reflete nas escolas. Na época em que estudei no Ensino Fundamental, jamais imaginaria que um juiz ou um promotor fariam intervenções em sala de aula. Hoje somos chamados quase que semanalmente para auxiliarmos na área de educação. O professor e a escola não podem substituir o papel da família. O professor tem que voltar a ter a função que tinha no passado: de transmitir conhecimentos.

Ao que se deve esse afastamento das famílias com as escolas?

Johnson – Cada vez mais a escola tenta aproximar as famílias do ambiente educacional, mas os pais repelem esse convite. Porém é de suma importância que eles estejam permanentemente vinculados às escolas de seus filhos. No momento em que se afastam, outras pessoas que não deveriam estar nas proximidades das escolas se aproximam. Em resumo, quanto mais a sociedade se afasta da educação, mais espaços perdemos. Estamos vivendo uma sociedade pautada pela impessoalidade. Hoje boa parte das crianças perde muito tempo nos celulares – em que pode ter muitas coisas boas, mas muitas coisas ruins também para suas formações.

Isso influencia também para que jovens substituam o gosto pelos livros pelo uso exagerado das tecnologias?

Johnson – Isso é muito reflexo das relações de impessoalidade que vivenciamos hoje. Venho abordando muita essa questão dos crimes cibernéticos do mundo digital e do uso adequado das redes sociais. Esses crimes e danos podem atingir crianças e adolescentes com maior facilidade. A leitura é muito importante. Tudo na vida é estudo. Eu, por exemplo, não tem dia que não estude. Se eu parar, serei um péssimo profissional, são realidades que mudam constantemente. Até os processos que eram de papel, logo não existirão mais. Mas ainda assim, não deixo os livros de mão. O livro, quando se pega o gosto pela leitura, vira uma “cachaça”. É um gosto que se adquire ao longo da vida. Ler é importante e não faz mal a ninguém.


 

O professor cativa

Em 2018, conforme dados da 3ª CRE, há 397 alunos matriculados em Magistério, hoje chamado de Curso Normal. Mas o número de formados não ultrapassa cem desde 2008. Pelos cálculos da coordenadoria, seria possível diplomar até 120 estudantes por ano.

Ainda que o número não seja alcançado, existem aqueles que acreditam no poder transformador da educação. Ensinar e espalhar o conhecimento foram os motivos para Adriele Gabriele, 17, escolher ser professora. “Essa ideia vem desde o Ensino Fundamental. Meus professores me cativaram pelo exemplo.”

Mesmo formada no Ensino Médio, Ariana Pereira da Rosa voltou para a sala de aula aos 28 anos. Quer ser professora. Ela ignora as estatísticas e acredita na profissão a partir da capacidade de transformação do indivíduo
Mesmo formada no Ensino Médio, Ariana Pereira da Rosa voltou para a sala de aula aos 28 anos. Quer ser professora. Ela ignora as estatísticas e acredita na profissão a partir da capacidade de transformação do indivíduo

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No 9º ano, lembra das conversas com os educadores. “O incentivo foi importante. Via que poderia ajudar. Gostava da ideia de transformar as aulas, usar atividades lúdicas, avançar sobre o conteúdo e usar exemplos para ensinar.”

Ser um bom professor, acredita Adriele, é gostar de interagir com realidades diferentes. “Temos de estar preparados para isso. Gostar de estar com as pessoas, de educar e participar da vida das crianças.” Quanto ao salário, afirma ser um ponto importante. “O professor ajuda na formação de todas as outras profissões. Essa valorização financeira tem representatividade nas escolhas. Mas também não pode ser a única.”

 

Aptidão inusitada

Ariana Pereira da Rosa, 28, foi inscrever a sobrinha no curso de Magistério e recebeu um convite. Voltar à escola. Mesmo formada no Ensino Médio, aceitou o desafio. “Eu queria estudar história, ser arqueóloga. Mas aceitei voltar ao colégio pois é uma forma de aprender mais.”

O gosto pela leitura, a condição de interpretar e criar o conhecimento sobre o conteúdo despertou o interesse em seguir na profissão. “Tive uma professora de Português, ainda no Fundamental, que repassava textos e pedia um resumo. Mas não queria que usássemos as palavras que constavam no material. Tínhamos de buscar sinônimos.”

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Essa experiência voltou no curso Normal (Magistério). “Em Didática, a professora nos ensina a pensar além. Não escrever e reproduzir o que está no texto, mas formular uma resposta com a nossa opinião, sobre como pensamos sobre aquele assunto. Isso é muito importante. É um estímulo ao pensamento próprio.”

Para ela, essa é uma das principais missões do professor. Construir o conhecimento de cada um, fortalecer os mecanismos individuais para ampliar o discernimento.

 

Valorização no presídio

O perfil é semelhante entre os detentos do presídio de Lajeado. Pobres, com uma família desestruturada, alguns com histórico de abandono e violência. Aliado a isso, a pouca formação. Muitos nem têm o Ensino Fundamental completo. Começam a trabalhar cedo, em subempregos, sem carteira assinada. A falta de perspectiva os aproxima do mundo do crime.

Essa é a leitura do coordenador do Neeja Liberdade, Adalberto Koch, sobre os alunos que ensina no complexo prisional. “Qualquer pessoa de fora do sistema que entra no presídio para ajudar é muito bem recebida. Existe muito respeito e disciplina. Dentro das aulas, um cobra o outro para não interromper o professor.”

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Oportunidade atrás das grades

Natural do Mato Grosso do Sul, S.G, 35, foi preso em Lajeado por associação ao tráfico. No presídio, voltou à escola. Havia estudado até a 4ª série. “Tive de começar a trabalhar muito cedo. Morava no interior. Não tinha nada por perto.” No ano passado, um texto dele foi selecionado para compor a edição 2017 do livro Os Jovens Poetas.

No presídio, criou o hábito pela leitura. “Cometi um erro e estou pagando por ele. O que mais quero agora é cumprir minha pena e voltar para a minha família.”

 

 

No retorno à aula, recomeçou uma parte da infância que havia apagado. Com o hábito da leitura, passou a expressar os sentimentos por meio das cartas. Essa é a forma que diminui a distância da mulher e do filho.

Colega de turma, J.O, 22, foi preso por tentativa de homicídio. “Foi um erro por causa de uma namorada. Briguei com um cara, e fui condenado a oito anos de prisão.” Desde o fevereiro do ano passado, se matriculou no Neeja. Neste período, se formou nos ensinos Fundamental e Médio. Agora, acompanha as aulas de novo. “Eu estou escrevendo e lendo bastante. Isso está mudando minha forma de ver o mundo.”

Para o coordenador Koch, dentro do presídio, o professor é muito bem tratado. “Como eles dizem. Aqui é o lugar mais seguro da cidade para o professor.” Ele leciona na instituição penal faz três anos. Alia os conteúdos com ensinamentos de moral, cívica e ecumênico. “Conquistei um vínculo com eles. Os presos confiam nos professores e nós procuramos corresponder à expectativa com muito respeito. É incrível, mas o professor precisou ir para o presídio para se sentir valorizado.”


 

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Entrevista

“Pensar a educação a partir do que está dando certo”

Professora e coordenadora do curso de Letras da Univates, Kári Lúcia Forneck pensa o ensino a partir de um ponto de vista positivo. “Sempre que falamos em educação, se começa pelos problemas, como se tudo fosse catastrófico. Não vejo assim. Prefiro ver a metade do copo cheio.”

A profissão de professor sofre com a desvalorização. Como superar isso e transformar o ambiente escolar?

Kári Lúcia Forneck – A crise não está só na educação. A escola faz parte da sociedade. Logo, o que acontece nas ruas, também acontece no colégio. No Vale do Taquari, temos ótimos exemplos. Locais onde há uma grande participação comunitária, com alunos presentes e motivados, pais participativos. Só temos a ganhar quando abrimos espaço para conversar entre as diferentes esferas que são responsáveis pela educação.

Frente às informações de redução dos interessados em seguir a carreira de docente. Quais os motivos para esse fenômeno?

Kári – Pelo que temos visto, as pessoas não querem a carreira de professor por uma série de fatores. Um deles envolve as condições financeiras, inclusive para fazer uma graduação.

Se formos pegar os dados, por exemplo, o Censo de 2016. Por esse indicador, não houve redução, houve aumento no número de pessoas que buscam alguma licenciatura. O terceiro curso mais procurado no Brasil é Pedagogia. Então, tudo é muito relativo.

Mas sim, é verdade que todas as universidades tiveram declínio nas matrículas. Agora, se pegarmos os alunos que temos agora, eles escolheram mesmo. Querem ser professores e se sentem supermotivados para seguir a docência. Eles têm muitas ideias, têm uma posição otimista com a educação. Estão vindo para fazer melhor. Para tornar o mundo melhor. Esses serão os professores do futuro.

O que significa ser professor? Quais os desafios?

Kári – Há uma série de desafios. Um deles, talvez não o mais difícil, é tirar a ideia de que a docência é uma vocação. Nasceu para ser professor. Não. O professor é um profissional da educação. Ele estudou muito, leu muito, praticou muito e merece ser tratado como qualquer outro profissional.

Enquanto pensamos que a docência é um dom, ficamos aceitando certos discursos. Do tipo: não tem problema se não recebe como deveria, é o dom dele. Trabalha por amor. É preciso associar na docência o discurso de profissionalismo.

Outro desafio é preparar os alunos para o mundo do conhecimento e não da informação. Temos de ir além da listagem de conteúdos nos planos de ensino. É preciso provocar a curiosidade para a aprendizagem e à produção do conhecimento.

O professor deve contribuir e ensinar o aluno a aprender a conviver. A aceitar a diversidade, respeitar a si, o seu corpo e os outros. A viver em coletividade.

Como seria a escola ideal?

Kári – Vou usar o plural. Vou dizer escolas ideais. Pois não acredito que tenha um único modelo. Boas escolas devem contemplar algumas características. Entre essas, a valorização das artes e das humanidades, com promoção do respeito à diversidade e à liberdade.

Também valorizar o perspectivo e a criatividade. Incentivar o pensar diferente, o olhar de outro modo. A problematizar, duvidar das verdades e estimular o trabalho coletivo e colaborativo.

Em uma escola modelo, é preciso produzir o conhecimento por meio da experimentação científica das práticas investigativas. Fazer ciência perguntando e não só ouvindo as respostas.

Também é preciso incentivar o raciocínio lógico. Supercomplexo e necessário. Estudos mostram que o país carece de engenheiro. Precisamos de mais lógica, de mais matemática nas nossas formações.

No colégio, é preciso fortalecer a argumentação e o posicionamento crítico. Falar, ler e analisar para construir uma opinião fundamentada, não gritada.

Acredito que cada escola, dando foco a essas questões, cria a possibilidade de interferir positivamente na vida dos alunos.

Filipe Faleiro: [email protected] | Cristiano Duarte: [email protected]

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